Vêm de um céu


Para a Márcia



Vêm de um céu antigo, um céu
talvez de ficção. Vejo-as chegar,
vejo-as partir. São aves
de passagem, não lhes sei o nome.
Têm como eu pouca realidade.
Seguem a direcção do vento,
rumo a sul, chamadas
pela cal ardendo sobre o mar.
É difícil, a nostalgia;
naturalmente mais difícil quando
o tempo fere o nosso olhar
e o priva do que fora mais seu:
a nudez musical da luz primeira.
Mas de que falo eu, se não forem aves?


Eugénio de Andrade, O Sal da Língua


13 de Junho.

Santo António. Pessoa. Eugénio.


Especial beijo de parabéns, amiga querida.



17 Comments:

Anonymous Anónimo said...

lindo!

12:07 da tarde  
Blogger greentea said...

o tempo fere o nosso olhar

sim
quantas e quantas vezes

no tempo das cerejas
ou no tempo de l'orange sur la table
et ta robe sur le tapis...

e nas memórias do tempo em que se lia Prévert
que reencontrei de novo:
afinal ainda serviram para alguma coisa os namorados de outra épocas e influenciaram um pouco o q somos hoje - e já somos três!

beijos para ti.

9:15 da tarde  
Blogger tsiwari said...

Tb me lembrei desses três, lá no meu canto

:)


*

10:17 da tarde  
Blogger Manuel Veiga said...

feliz regresso às lides bloguistas. faziam-(me) falta as tuas escolhas...

12:18 da manhã  
Blogger wind said...

Belíssimo poema que se fosse escrito por outra pessoa era a "cara" dela:) LIndíssima a tua foto artista da poesiafotográfica:)
A quem dás os parabéns só conheço a Márcia.
beijos*****

1:04 da manhã  
Blogger None said...

Viva, obrigada pela visita ao meu campo.
Acabaram-se as cerejas e os pessegos não prometem a saga do ano passado.
Eugénio sempre eterno. Belo regresso.
Beijo

10:44 da manhã  
Blogger greentea said...

hoje fui áté à sala de aula de Prévert

quem sabe os teus meninos não gostariam

mas agora já é tarde talvez ...está aí a época dos exames para o 10º e 12ª pelo menos

e muitas dores de barriga para muitos e muita gente q ficará pra trás...
beijos para ti


conheces um poema que Mário Viegas declamava - não sei quem é o autor, mas existia em LP
"Vem Serenidade"...

nunca mais consegui encontrar e é lindissimo. ?

11:32 da manhã  
Blogger agua_quente said...

Lindíssimo. Tudo em Eugénio de Andrade é musical e cristalino.
Beijos

6:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Um gosto ter-te de volta, e tão bem acompanhada destas palavras belíssimas de Eugénio de Andrade.
Beijos.

10:40 da tarde  
Blogger JOAQUIM CASTILHO said...

A foto está ao nível do poema.A ideia de inclinar a imagem, contra todas as regras, resultou na perfeição.Não basta quebrar as regras, o que muitos dos que se julgam revolucionários fazem, é necessário que resulte, o que a ELI consegui muitíssimo bem!

Parabéns
QUIM

10:40 da tarde  
Blogger LUIS MILHANO (Lumife) said...

Homenagem merecida para quem partiu há um ano deixando-nos mais pobres.

Beijos

1:20 da manhã  
Blogger gato_escaldado said...

associo-me à tua homenagem. recordando também os que com ele partiram. beijos

6:37 da tarde  
Blogger JOAQUIM CASTILHO said...

Para EUGÉNIO DE ANDRADE


Poemas
De gestos largos
E luz dorida
Os teus.
Rumores de vento
Trazidos
Nas palavras
Que pousas lentamente
Num papel em branco.
Receio de quebrar
Os versos
Que te encontraste.
Versos
Feitos das sombras
Que colhes ao entardecer
Das transparências puras
Que te adivinhaste.

15.06.06

8:10 da tarde  
Blogger Unknown said...

Bela forma de recordar Eugénio e ao mesmo tempo saudar uma amiga...
Bjs

10:32 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

só hoje vim agradecer, amiga querida. culpa da trabalheira por aqui.

todos os beijos e mais um, querida. e meu carinho, sempre.

2:24 da manhã  
Blogger Su. said...

Como tu, gosto de poesia, de flores, do mar, de todos os passaros! E mais sei lá o k, sou de gostar de muito...

Mas,
quem não gosta!?

Beijo!

6:54 da tarde  
Blogger Su. said...

Ah! e gosto de fotografia!

Esta em especial está linda!

6:56 da tarde  

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