Vêm de um céu
Vêm de um céu antigo, um céu
talvez de ficção. Vejo-as chegar,
vejo-as partir. São aves
de passagem, não lhes sei o nome.
Têm como eu pouca realidade.
Seguem a direcção do vento,
rumo a sul, chamadas
pela cal ardendo sobre o mar.
É difícil, a nostalgia;
naturalmente mais difícil quando
o tempo fere o nosso olhar
e o priva do que fora mais seu:
a nudez musical da luz primeira.
Mas de que falo eu, se não forem aves?
Eugénio de Andrade, O Sal da Língua
17 Comments:
lindo!
o tempo fere o nosso olhar
sim
quantas e quantas vezes
no tempo das cerejas
ou no tempo de l'orange sur la table
et ta robe sur le tapis...
e nas memórias do tempo em que se lia Prévert
que reencontrei de novo:
afinal ainda serviram para alguma coisa os namorados de outra épocas e influenciaram um pouco o q somos hoje - e já somos três!
beijos para ti.
Tb me lembrei desses três, lá no meu canto
:)
*
feliz regresso às lides bloguistas. faziam-(me) falta as tuas escolhas...
Belíssimo poema que se fosse escrito por outra pessoa era a "cara" dela:) LIndíssima a tua foto artista da poesiafotográfica:)
A quem dás os parabéns só conheço a Márcia.
beijos*****
Viva, obrigada pela visita ao meu campo.
Acabaram-se as cerejas e os pessegos não prometem a saga do ano passado.
Eugénio sempre eterno. Belo regresso.
Beijo
hoje fui áté à sala de aula de Prévert
quem sabe os teus meninos não gostariam
mas agora já é tarde talvez ...está aí a época dos exames para o 10º e 12ª pelo menos
e muitas dores de barriga para muitos e muita gente q ficará pra trás...
beijos para ti
conheces um poema que Mário Viegas declamava - não sei quem é o autor, mas existia em LP
"Vem Serenidade"...
nunca mais consegui encontrar e é lindissimo. ?
Lindíssimo. Tudo em Eugénio de Andrade é musical e cristalino.
Beijos
Um gosto ter-te de volta, e tão bem acompanhada destas palavras belíssimas de Eugénio de Andrade.
Beijos.
A foto está ao nível do poema.A ideia de inclinar a imagem, contra todas as regras, resultou na perfeição.Não basta quebrar as regras, o que muitos dos que se julgam revolucionários fazem, é necessário que resulte, o que a ELI consegui muitíssimo bem!
Parabéns
QUIM
Homenagem merecida para quem partiu há um ano deixando-nos mais pobres.
Beijos
associo-me à tua homenagem. recordando também os que com ele partiram. beijos
Para EUGÉNIO DE ANDRADE
Poemas
De gestos largos
E luz dorida
Os teus.
Rumores de vento
Trazidos
Nas palavras
Que pousas lentamente
Num papel em branco.
Receio de quebrar
Os versos
Que te encontraste.
Versos
Feitos das sombras
Que colhes ao entardecer
Das transparências puras
Que te adivinhaste.
15.06.06
Bela forma de recordar Eugénio e ao mesmo tempo saudar uma amiga...
Bjs
só hoje vim agradecer, amiga querida. culpa da trabalheira por aqui.
todos os beijos e mais um, querida. e meu carinho, sempre.
Como tu, gosto de poesia, de flores, do mar, de todos os passaros! E mais sei lá o k, sou de gostar de muito...
Mas,
quem não gosta!?
Beijo!
Ah! e gosto de fotografia!
Esta em especial está linda!
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