Perde-se com a idade um não sei quê



13-3-2006




      Perde-se com a idade um não sei quê
      que era talvez sombra e sabor e até tristeza
      e assim temos outra paz de inclinação
      em clareiras limpas tocadas de algum       eco
      melancólico e lúcido E quase sem ilusão
      entregamo-nos ao âmbito de uma paz
      que é a medida do mundo quando nada
      se nos oferece senão o habitar
      aquelas horas de um universo que
      é no silêncio glória obscura e transparente
      Assim nos inebriamos também da madurez
      procurando a inocente incandescência
      do tempo quando ilumina as clareiras
      e é como se nada ainda fosse passado
      na onda lenta que ascende sobre o peito
      e que desperta um vago núcleo que inicia


      António Ramos Rosa, O Livro da Ignorância



14 Comments:

Blogger hfm said...

Em silêncio ouvindo este eco.

10:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Podemos até perder tristezas, sombras, ilusões, mas com a maturidade ganhamos paz, compreensão, transparência, uma luz que ilumina e nos leva adiante. Estou feliz por estar de volta e poder vir te visitar. Beijos e tenha um lindo dia.

10:35 da manhã  
Blogger wind said...

A paz e a calma da sabedoria da idade. Bela foto. beijos*****

11:29 da manhã  
Blogger greentea said...

em clareiras limpas tocadas de algum eco
melancólico e lúcido E quase sem ilusão
entregamo-nos ao âmbito de uma paz
que é a medida do mundo quando nada
se nos oferece senão o habitar....

então

vem serenidade ...
nas palavras do Mário Viegas
bjs

11:36 da manhã  
Blogger Boo said...

Podemos perder algumas coisas com a idade, mas em contrapartida ganhamos outras... E começamos a apreciar o que antes achavámos dispensável...

Eheh =) Parece que a Primavera já está aí à porta...

Beijinhos e uma boa semana*****

11:59 da manhã  
Blogger SL said...

Às vezes a palavra perder também se escreve ganhar... o envelhecer é algo que é natural e se encarado assim só te traz paz de espirito.
A vida também cansa.
Jinhos

1:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

ai, Eli... tanta coisa liiiiiiiinda!

beijinhos do Rubem - ainda sem blog :-)

7:11 da tarde  
Blogger Unknown said...

"...E quase sem ilusão
entregamo-nos ao âmbito de uma paz
que é a medida do mundo...", talvez seja isso.
Belíssimo post.
Beijo.

8:12 da tarde  
Blogger Natureza said...

Olá, Eli.
Tantos dias e tantos anos que já não podemos lembrar-nos todos dias pelo menos dias traumaticas, pois ja aconteceu-me isso.
Mas há perdem os sofrimentos, dores, doenças, tristezas, etc..
beijos.

8:30 da tarde  
Blogger Memória transparente said...

Mais uma selecção de bom gosto, que nos deixa um eco.

Beijinhos.

8:48 da tarde  
Blogger porfirio said...

boa noite

caí aqui e dei-me de caras com ramos rosa... caí aqui e gostei da poesia escolhida a dedo.

bjo

9:22 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"...com a idade ... temos outra paz de inclinação" - o Poeta o escreve.

Bjs.

10:12 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Valeu pela corrida em meu blog, rs! Como sempre arrasando nas imagens e no contos. Tudo de bom, beijos!

3:19 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Só para dizer que vim aqui, ainda que me cale.
Bj

2:35 da tarde  

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