Brise marine



3 - 2006



La chair est triste, hélas ! et j'ai lu tous les livres.
Fuir ! là-bas fuir! Je sens que des oiseaux sont ivres
D'être parmi l'écume inconnue et les cieux !
Rien, ni les vieux jardins reflétés par les yeux
Ne retiendra ce coeur qui dans la mer se trempe
Ô nuits ! ni la clarté déserte de ma lampe
Sur le vide papier que la blancheur défend
Et ni la jeune femme allaitant son enfant.
Je partirai ! Steamer balançant ta mâture,
Lève l'ancre pour une exotique nature !

Un Ennui, désolé par les cruels espoirs,
Croit encore à l'adieu suprême des mouchoirs !
Et, peut-être, les mâts, invitant les orages,
Sont-ils de ceux qu'un vent penche sur les naufrages
Perdus, sans mâts, sans mâts, ni fertiles îlots ...
Mais, ô mon coeur, entends le chant des matelots !


Stéphane Mallarmé, Poèmes




        A carne é triste, sim, e eu li todos os livros.
        Fugir! Fugir! Sinto que os pássaros são livres,
        Ébrios de se entregar à espuma e aos céus imensos.
        Nada, nem os jardins dentro do olhar suspensos,
        Impede o coração de submergir no mar
        Ó noites! nem a luz deserta a iluminar
        Este papel vazio com seu branco anseio,
        Nem a jovem mulher que preme o filho ao seio.
        Eu partirei! Vapor a balouçar nas vagas,
        Ergue a âncora em prol das mais estranhas plagas!

        Um tédio, desolado por cruéis silêncios,
        Ainda crê no derradeiro adeus dos lenços!
        E é possível que os mastros, entre as ondas más,
        Rompam-se ao vento sobre os náufragos, sem mas-
        Tros, sem mastros, sem ilhas férteis, a vogar...
        Mas, ó meu peito, ouve a canção que vem do mar!


        Mallarmé.Trad.: Augusto de Campos, Decio Pignatari e
        Haroldo de Campos



10 Comments:

Blogger wind said...

Começas a semana com um belíssimo post:) beijos*****

11:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Querida, vim buscar a leveza da boa poesia! E levo beleza de imagem e palavras!
Uma ótima semana pra vc, viu?
Beijocas

12:32 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Gosto muito da imagem.
Mallarmé, apreciei reler.

Bjo.

12:43 da manhã  
Blogger BlueShell said...

Não te conhecia! Ainda bem que cá vim!

Queres um beijito?
***BShell

11:20 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Bela maneira de começar a semana.

Um beijo grande pra você, querida.

11:52 da manhã  
Blogger hfm said...

Há tanto tempo que não lia Mallarmé e soube-me bem!

2:19 da tarde  
Blogger greentea said...

entends le chant des matelots...


e sê livre livre livre

como o mar

beijo

4:38 da tarde  
Blogger @Memorex said...

Querida Eli, cada dia que visito o teu azulão tansportas-me uma paz de espírito como o mar livre de preconceitos e fazes-me ver o mundo de outra forma com esses poemas.

simplesmente sinto bem com a tua presença :)

carinhosamente Memorex com abraços especiais :)

11:24 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Stéphane Mallarmé, um dos meus favoritos. Bela escolha, o mar, quem não ouve o seu chamado, a sua canção que penetra na alma...Estou de volta, doce amiga, recarregada e com saudade de todos. Deixo meu beijo e meu carinho.(Bela foto da âncora)

3:29 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Desviei o olhar para o lado. Está ali: "Um homem com fome não é um homem livre"
Stevenson, Robert

Pois é, qualquer que seja a fome.
Bj

6:27 da tarde  

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