Brise marine
La chair est triste, hélas ! et j'ai lu tous les livres.
Fuir ! là-bas fuir! Je sens que des oiseaux sont ivres
D'être parmi l'écume inconnue et les cieux !
Rien, ni les vieux jardins reflétés par les yeux
Ne retiendra ce coeur qui dans la mer se trempe
Ô nuits ! ni la clarté déserte de ma lampe
Sur le vide papier que la blancheur défend
Et ni la jeune femme allaitant son enfant.
Je partirai ! Steamer balançant ta mâture,
Lève l'ancre pour une exotique nature !
Un Ennui, désolé par les cruels espoirs,
Croit encore à l'adieu suprême des mouchoirs !
Et, peut-être, les mâts, invitant les orages,
Sont-ils de ceux qu'un vent penche sur les naufrages
Perdus, sans mâts, sans mâts, ni fertiles îlots ...
Mais, ô mon coeur, entends le chant des matelots !
Stéphane Mallarmé, Poèmes
        A carne é triste, sim, e eu li todos os livros.
        Fugir! Fugir! Sinto que os pássaros são livres,
        Ébrios de se entregar à espuma e aos céus imensos.
        Nada, nem os jardins dentro do olhar suspensos,
        Impede o coração de submergir no mar
        Ó noites! nem a luz deserta a iluminar
        Este papel vazio com seu branco anseio,
        Nem a jovem mulher que preme o filho ao seio.
        Eu partirei! Vapor a balouçar nas vagas,
        Ergue a âncora em prol das mais estranhas plagas!
        Um tédio, desolado por cruéis silêncios,
        Ainda crê no derradeiro adeus dos lenços!
        E é possível que os mastros, entre as ondas más,
        Rompam-se ao vento sobre os náufragos, sem mas-
        Tros, sem mastros, sem ilhas férteis, a vogar...
        Mas, ó meu peito, ouve a canção que vem do mar!
        Mallarmé.Trad.: Augusto de Campos, Decio Pignatari e
        Haroldo de Campos
10 Comments:
Começas a semana com um belíssimo post:) beijos*****
Querida, vim buscar a leveza da boa poesia! E levo beleza de imagem e palavras!
Uma ótima semana pra vc, viu?
Beijocas
Gosto muito da imagem.
Mallarmé, apreciei reler.
Bjo.
Não te conhecia! Ainda bem que cá vim!
Queres um beijito?
***BShell
Bela maneira de começar a semana.
Um beijo grande pra você, querida.
Há tanto tempo que não lia Mallarmé e soube-me bem!
entends le chant des matelots...
e sê livre livre livre
como o mar
beijo
Querida Eli, cada dia que visito o teu azulão tansportas-me uma paz de espírito como o mar livre de preconceitos e fazes-me ver o mundo de outra forma com esses poemas.
simplesmente sinto bem com a tua presença :)
carinhosamente Memorex com abraços especiais :)
Stéphane Mallarmé, um dos meus favoritos. Bela escolha, o mar, quem não ouve o seu chamado, a sua canção que penetra na alma...Estou de volta, doce amiga, recarregada e com saudade de todos. Deixo meu beijo e meu carinho.(Bela foto da âncora)
Desviei o olhar para o lado. Está ali: "Um homem com fome não é um homem livre"
Stevenson, Robert
Pois é, qualquer que seja a fome.
Bj
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