INFÂNCIA



Mondego da infância - revisitado em 22-2-2006
São João de Areias - 'o meu Mondego'



Sabias de cor todas
as ciladas,
as grades com que te pregavam
o destino,
a mão na boca,
a língua soletrada,
o sangue, a sua cor,
a cor meridional do riso.

Era um tempo feliz, mas
não sabias. Tu não sabias
da vida
a insólita metade, o trecho
indecifrável dos dias após
dias, as linhas da mão
que pousou nas tuas,
o vento norte,
que traz água, frio, o fim da noite-
a espessa nitidez da madrugada.


António Mega Ferreira, O Tempo que Nos Cabe



14 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Desconhecia AMF poeta. Agradeço-lhe.

Fotografia pertence ao conjunto "SJA"? (

Muito, muito belas. Localidade a visitar. Beira? Poderá indicar com mais precisão? Muito obrigado. Abraço.ACS

10:28 da manhã  
Blogger hfm said...

Não conhecia e gostei de ler.

11:07 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Saudade da minha infância que já não volta mais... Belíssima foto, poema, você... Beijos e carinho.

11:39 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Eli vou dar-lhe uma prenda

sorria já!

é que me lembro muito bem daquele poema do Pessoa - o rio da minha aldeia :)

é assim não é? sei que faz esforço para não rir ahahahahahah

beijo grande do Rubem -)

11:47 da manhã  
Blogger greentea said...

pensamos que conhecemos de cor todas as ciladas e um dia temos uma surpresa
ficamos suspensos
deitamo-nos à água para seguir o caudal
e
ressurgimos
tem um bom dia!

o "meu menino" está a recuperar com o apoio de todos os sorrisos que lhe enviaram!

12:06 da tarde  
Blogger Menina Marota said...

"Esquece-te de mim, Amor,
das delícias que vivemos
na penumbra daquela casa,
Esquece-te.
Faz por esquecer
o momento em que chegámos,
assim como eu esqueço
que partiste,
mal chegámos,
para te esqueceres de mim,
esquecido já
de alguma vez termos chegado. "

Este foi um dos primeiros poemas que li de Mega Ferreira e foi uma autentica surpresa para mim... presentemente sou fã dele...

Grata pela partilha.

Um abraço carinhoso ;)

12:18 da tarde  
Blogger Poesia Portuguesa said...

Um Poeta a não esquecer...
Adorei ler.

Um abraço carinhoso ;)

12:19 da tarde  
Blogger wind said...

Desconhecia. Nada como a infância:) Lindíssima foto! beijos*****

12:33 da tarde  
Blogger Barbara said...

Vir aqui é o mesmo que saber ficar suspirando olhando para a tela... Sonhando amores.

6:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Esta personagem infância que tanto espreita a vida de cada um de nós! Não há maneira de crescer, sempre a jogar às escondidas... Mas ela tem razão, a idade adulta é muito melhor de mão dada com ela. Tem mais graça, mais inocência, mais curiosidade, menos rigidez, mais sonhos... Também alguma tristeza, mas isso faz parte do nosso passeio por este mundo. E não convém gastar o riso todo de uma vez, não é? ;-)
Beijos, Tecum.

6:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A infância caminha connosco, persegue-nos. Prosseguimos em frente mas sempre de braço esticado para trás, agarrando-a! Bjs.

8:47 da tarde  
Blogger None said...

Aqui tão perto! Os olhos que assim mostram o Mondego, são os da infância. Dizia Saint Exupery que a infância é um país, mais ou menos isto.
O poema, não conhecia e gostei.
Bjo

12:49 da manhã  
Blogger amigona avó e a neta princesa said...

Que linda foto! bem haja!
O mesmo para a poesia... não conhecia...

2:19 da tarde  
Blogger Jorge Moreira said...

Lindo conjunto!
Beijinhos e bom fim de semana

8:03 da tarde  

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