Não creias, Lídia que nenhum estio

Gaetano Previati
Não creias, Lídia que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
Oferecendo a flor
Que adiámos colher.
Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita.
Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não vivido deixa.
Não creias na demora em que te medes.
Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais à frente
Do que o teu próprio passo.
Sophia de Mello Breyner Andresen, Antologia
10 Comments:
Magnífico!
Destaco ainda a 3ª estrofe:
«Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não vivido deixa.»
Obrigado.A.C.S.
Lindo! Otempo aqui maravilhosamente definido com uma bela tela a acompanhar. beijos*****
Estou tão feliz por poder voltar a comentar!
Que poema, amiga. Bom dia.
tudo está bem, quando acaba em bem! contra as avarias em blog, há amigos-mecânicos e o Deus Netório, o que num Olimpo De Faz de Conta, de minha invenção, zela pelos mortais bloguistas!
Preside aos Deuses, o Destino!
bons versos...imagens de sonho...
grato
carlos p f
Pois... E que belíssima maneira de falar deste assunto!
Sophia, que belo.
Qualquer poema de Sophia enriquece um blog.
Já vi que tiveste dificuldade em entrar no meu blog. Acho que a porta está um pouco perra...
Beijinhos da Carolina e meus.
"Mais tarde será tarde e já é tarde." - de génio!
Mais uma excelente edição...
Beijinhos
Esse poema não é de Ricardo Reis? Um dos heterônimo de Fernando Pessoa.
Desculpe se estiver errada, apesar de saber que Horácio e vários outros poetas também utilizou Lídia como ispiração.
Não tenho, de momento, possibilidade de indicar a exacta referência bibliográfica - e sabemos como a memória pode ser traiçoeira -, no entanto, arrisco.
Junto com outros,de homenagem a Ricardo Reis, este poema pode ser lido em Dual, de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Grata pela interpelação.
Outono sereno.
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