METAL FUNDENTE








Gostava de explicar-te e de poder
eu próprio compreender
por que momentos houve em que perder-te
era metal fundente como o que disse um poeta
entre nós e as palavras existir

Eu seria as palavras tu os corpos
fundentes de nós dois, pela separação
futura liquefeitos
Era de cada vez como se a vida
também fundisse e o seu metal escorresse
sobre a pele da perda talvez isso
explicasse como o chumbo
da ilusão derrete e nos liberta
até desse momento em que tememos
nada mais ter

Mas como poderia
eu amar-te e achar-te já de mais
sentir estando tu tão perto ainda
a onda
da ausência contornar-me

O céu em certos dias produzia
o efeito dum espelho em que voltávamos
inversos
ao verão que tu julgaras
então igual à vida e era apenas
a infância perdida sobre o mar


Gastão Cruz, in Poemas de Gastão Cruz
ditos por Luís Miguel Cintra


- Esteve
voz de Luís Miguel Cintra-




14 Comments:

Blogger hfm said...

E o tempo, senhora, e o tempo... se cada vez que aqui venho fico cá presa.

10:31 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

olaaa!!!Tudo bem? Eu estou bem disposta, como sempre!
Hoje é dia de Reis! Venho dar-te um bolo de Reis,lol.
Gostaste?

Nós nascemos de novo e temos novas vidas!
Desejo-te,BOM ANO NOVO=)
Jinhos da engraçada=)
BOMBAAAA 2006;)

11:05 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá, minha querida Eli, está tudo bem?
Desculpa,não ter escrito antes porque tenho um problema no meu computador.

Bom feliz novo ano!!!
Espero que tenhas nova vida pois já é um novo ano - o de 2006.
Vamos ter um ano muito melhor!!!
Beijinhos da tua querida Susana.

É hoje o dia do bolo rei!!!
Não comas muito bolo rei. Engorda!

11:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Obrigado.
Oiço, leio, oiço, leio, oiço.
Cotejo!
Bjo. Bom fs.JP-

You Are Welcome To Elsinore

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam

e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós

e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras noturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos conosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o
amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmo só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

Mário Cesariny


*

12:03 da tarde  
Blogger Jaime Silva said...

Fotografias excepcionais; a articulação com os poemas escolhidos de uma sensibilidade rara.
Neste último um "extra" a voz e a dicção tão perfeitas do Luís Miguel Cintra.
Não há muitos blogues assim, em que apetece continuar e continuar pelos arquivos fora...
Um Feliz Ano Novo com muitos posts (já está nos meus favoritíssimos!)

12:17 da tarde  
Blogger wind said...

Esre poema está maravilhosamente declamado e a foto muito bem conjugada com o belo poema:))) beijos*****

1:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A Beleza dentro do cadinho da nossa amiga Tecum...

2:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sempre se supera,
sempre me surpreende,
sempre me deleita.
Obrigado.
A.Cunha e Sá

2:28 da tarde  
Blogger Unknown said...

É claro que o post de hoje pertence à categoria dos excelentes, mas posso dar-te uma sugestão? Não seria possível uma edição, aqui em Texere, de 'Welcome to Elsinore'? Seria um belo presente de Ano Novo!!!!
Beijos.

4:50 da tarde  
Blogger None said...

para ouvir e ler mil vezes.
Bjo

5:39 da tarde  
Blogger @Memorex said...

Já que insistes que viesse retribuir o meu sorriso, eis-me aqui e agora apos uma longa ausência de pôr algumas coisas em ordem, que vi o teu ultimo comentário e eu estava a postar :)

Quanto mais vivemos na vida, mais sábios somos. Quanto mais emoções sentimo-nos, crescemos interiormente, e o q vejo e sinto uma grande verdade.

Bjs e abraços pra ti Eli, adorei o poema!

6:03 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Fui colega de turma do Gastão Cruz no Liceu de Faro, no 6º e 7º antigos anos. Fomos amigos e essa amizade ainda perdura. É a primeira vez que vejo um poema de Gastão Cruz publicado num blog. Fico-lhe grato. Bom fim de semana.

12:35 da manhã  
Blogger Isa Maria said...

fusaõ perfeita entre foto e poema.

7:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

imagem muito liiiinda, gostei de ouvir falo amanhã, tá bem?
Bjinho
Rubem, o sem blog :)))))))))))

11:34 da manhã  

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