MEU AMOR       MEU AMOR



5 de Dezembro de 2005



  Meu amor       meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.


Meu limão de amargura       meu punhal a crescer
  nós parámos o tempo       não sabemos morrer.
e nascemos       nascemos
do nosso entristecer.

  Meu amor       meu amor
meu pássaro cinzento,
a chorar a lonjura,
do nosso afastamento.

  Meu amor       meu amor
meu nó de sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento
este mar não tem cura       este céu não tem ar
nós parámos o vento       não sabemos nadar
e morremos       morremos
  devagar       devagar


José Carlos Ary dos Santos, Poesia Completa



7 Comments:

Blogger hfm said...

Grafismo e palavras são mesmo de Ary, já tinha saudades de o reler.

Um aparte, só hoje reparei que o mar da foto que encima o blog é dali de ao pé da Ericeira - belo surf.

8:50 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Perfeito!

Bjs. JP-

10:48 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Sempre bonito. A figura de alguém de braços abertos?

11:21 da manhã  
Blogger wind said...

Triste à Ary, bonita disposição do poema e bela foto. beijos*****

1:02 da tarde  
Blogger Boo said...

a foto está linda... fikei boquiaberta com os efeitos de luz... mas achei o poema triste...

aiii! tenho de ir estudar cultura clássica, felizmente estou a adorar! =) e espero que esteja tudo bem por aí =)

beijinho ******

1:30 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não paramos o vento, mas bebemos a sua passagem. Com a avidez de amantes....

Foi bom ler Ary dos Santos. Aqui. Grato. Beijos

4:39 da tarde  
Blogger Unknown said...

Ary é, quanto a mim, um dos grandes poetas do amor. Continua esquecido porque desde sempre incomodou as mentes mais bem pensantes deste país. Grata por o lembrares.

7:17 da tarde  

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