À NOITE



C.Y.Soare



Quando o Sol se vai e é chegada a lua
o pai corre fechos, persianas,
vai trancar o portão que dá p'rà rua.
Depois eu adormeço, mas os meus sonhos
não cabem na casa e eu saio
para riscar a noite com um fio de luz,
cavalgar mistérios até de manhã.

À noite, uma simples brisa
escancara portas e janelas
e não há chave, fecho ou tranca
que encerre a porta larga dos meus sonhos.


Álvaro Magalhães, O Reino Perdido