DEITA-TE AGORA
Vincent Van Gogh
Deita-te agora, a meu lado, sobre o feno,
deixa que o incenso perfume os celeiros
onde adormecemos.
Toca o meu rosto voltado para cima,
como se procurasse no céu as carruagens de
cedro e ouro,
nos caminhos onde me perdi.
Traz-me o cântaro das tuas fontes.
Dá-me a beber a sua água porque os meus
lábios ardem.
Tenho sede.
É Verão, como sabes.
As cigarras eternizam a sua música de pianos
rudes,
as rãs destroem a serenidade do lago.
Nunca te levantes; não me voltes as costas.
José Agostinho Baptista, Esta voz é quase o vento
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