Petrarca - Di Cosimo - Camões

Pace non trovo

Pace non trovo, e non ó da far guerra
E temo e spero, ed ardo e son un ghiaccio,
E volo sopra’l cielo e giaccio in terra
E nulla stringo e tutto’l mondo abbraccio.

Tal m’ha in prigion che non m’apre né serra,
Nè per suo mi riten né scoglie il laccio,
E non m’ancide Amor e non mi sferra,
Nè mi vuol vivo né mi trae d’impaccio.

Veggio senza occhi; e no ò língua, e grido,
E bramo di perir, e cheggio aiuta,
Ed ho in ódio me stesso ed amo altrui.

Pascomi di dolor, piangendo rido,
Egualmente mi spiace morte e vita:
In questo stato son, Donna, per vui.

Petrarca, Cancioneiro



Piero di Cosimo, Simonetta Vespuci


Tanto do meu estado me acho incerto

Tanto do meu estado me acho incerto,
Que, em vivo ardor, tremendo estou de frio;
Sem causa, juntamente choro e rio,
O mundo todo abarco, e nada aperto.

É tudo quanto sinto um desconcerto;
Da alma um fogo me sai, da vista um rio;
Agora espero, agora desconfio;
Agora desvario, agora acerto.

Estando em terra, chego ao Céu voando;
Num’hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar um’hora.

Se me pergunta alguém, porque assi ando,
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora.

Camões, Rimas